Olá investidores!
Conforme comentei no estudo anterior, da 3 tentos, a Jalles Machado é uma das empresas que tinha adicionado na lista de estudos pra ver se adicionava na minha carteira, e foi ficando esquecida por um tempo, mas recentemente voltei olhar aquela lista e me surpreendi com o tamanho da queda na cotação das ações, então no estudo de hoje vamos ver o que está acontecendo com ela.
Aviso: este texto é informativo/educacional e não constitui recomendação de investimento. Faça sua própria análise considerando perfil e objetivos.
Resumo feito por IA
Setor de Atuação: A Jalles Machado está inserida no setor de agronegócio, mais especificamente no segmento sucroenergético. Suas atividades englobam todo o ciclo produtivo da cana-de-açúcar, desde o plantio e colheita até a transformação em seus produtos finais. A empresa atua em um mercado influenciado por diversos fatores, como os preços das commodities (açúcar e petróleo), políticas governamentais para biocombustíveis, condições climáticas e a demanda dos mercados interno e externo. A companhia se posiciona como uma das líderes na produção de açúcar orgânico, um nicho de mercado com margens mais elevadas e crescente demanda global.
Resultados dos Últimos 5 Anos: O desempenho da Jalles Machado nos últimos cinco anos reflete as dinâmicas do setor. A companhia demonstrou capacidade de crescimento de sua receita, impulsionada tanto pela expansão da produção quanto pela valorização de seus produtos. No entanto, a lucratividade apresentou maior volatilidade, impactada pelas flutuações nos preços do açúcar e do etanol, além dos custos de produção e investimentos em expansão.
De forma geral, a empresa conseguiu manter uma trajetória de crescimento em sua receita líquida. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também acompanhou essa tendência, embora com variações anuais mais acentuadas, refletindo a gestão de custos e as margens operacionais. O lucro líquido, por sua vez, foi o indicador que apresentou maior sensibilidade às condições de mercado, alternando períodos de forte crescimento com momentos de retração. A estratégia de focar em produtos de maior valor agregado, como o açúcar orgânico, tem sido um importante pilar para a sustentação das margens da companhia.
Perspectivas Futuras: As perspectivas para a Jalles Machado são vistas com otimismo por parte do mercado, ainda que com alguns pontos de atenção. Analistas destacam o potencial de crescimento da empresa, ancorado em diversos pilares:
Liderança em Açúcar Orgânico: A crescente demanda global por alimentos orgânicos e sustentáveis abre um vasto mercado para a Jalles Machado, que já possui uma posição consolidada e expertise nesse segmento. A expectativa é de que a empresa continue a expandir sua produção e suas vendas para mercados internacionais, capturando margens superiores em comparação ao açúcar convencional.
Etanol e Biocombustíveis: A transição energética e a busca por combustíveis mais limpos favorecem o etanol. Políticas de incentivo ao uso de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto no exterior, tendem a sustentar a demanda e os preços no longo prazo. A Jalles Machado está bem-posicionada para se beneficiar desse cenário.
Eficiência Operacional e Aquisições: A empresa tem um histórico de busca por ganhos de eficiência em suas operações agrícolas e industriais. Além do crescimento orgânico, a Jalles Machado tem se mostrado ativa em processos de fusões e aquisições, buscando consolidar sua posição no setor e gerar sinergias.
Geração de Energia: A cogeração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar representa uma fonte de receita adicional e contribui para a sustentabilidade do negócio, reduzindo a exposição da empresa à volatilidade dos preços de eletricidade.
Apesar das perspectivas positivas, a companhia enfrenta desafios como a volatilidade dos preços das commodities, a necessidade contínua de investimentos em tecnologia e produtividade, e os riscos climáticos inerentes à atividade agrícola. A gestão da dívida e a alocação de capital para novos projetos também são pontos cruciais para a concretização do potencial de crescimento da Jalles Machado nos próximos anos.
Apresentação Institucional 2024
Trazendo alguns prints da apresentação institucional da empresa.
A apresentação muito bonita, vale a pena darem uma olhada.
Analisando os números
Eu gosto de começar olhando o resultado final, lucro líquido.
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https://www.fundamentus.com.br/graficos.php?papel=JALL3&tipo=2 |
Como podem ver, até final de 2022, forte crescimento do lucro, então algo deu errado.
Na outra extremidade do DRE, a receita vem crescendo.
Fui até o site de Relações com Investidores e baixei as demonstrações financeiras dos últimos anos, algumas centenas de páginas para ler, resolvi pedir pra IA verificar quais foram os problemas que levaram a empresa a ter prejuízo recentemente, segue o resultado:
Fatores do Prejuízo na Safra 2024/25 (encerrada em 31/03/2025)
O principal fator que levou a empresa ao prejuízo de R$ 55,9 milhões no ano-safra 2024/25 foi o aumento expressivo do resultado financeiro negativo, que mais do que dobrou em comparação com o ano anterior
Isso foi causado por:
Perdas com Instrumentos Derivativos (Hedge): O resultado líquido com derivativos foi negativo em R$ 251,8 milhões na safra 2024/25, um aumento significativo em relação à perda de R$ 103,9 milhões na safra anterior
. A companhia utiliza esses instrumentos para se proteger da volatilidade de preços de commodities e do câmbio, e as variações de mercado geraram um impacto contábil negativo expressivo no período . Aumento das Despesas Financeiras: As despesas com juros de empréstimos e financiamentos cresceram, saindo de R$ 370,6 milhões em 2023/24 para R$ 501,0 milhões em 2024/25, refletindo o maior endividamento para suportar os investimentos.
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Apesar do aumento da Receita Líquida no ano, o forte impacto financeiro negativo superou os ganhos operacionais, levando ao prejuízo líquido consolidado.
Fatores do Prejuízo no 1º Trimestre da Safra 2025/26 (1T26)
No primeiro trimestre da safra 2025/26 (abril a junho de 2025), o prejuízo de R$ 14,0 milhões foi motivado principalmente por fatores operacionais e contábeis, e não financeiros
Os principais fatores foram:
Variação Negativa do Ativo Biológico: Este foi o fator de maior impacto. A empresa registrou uma variação negativa de R$ 187,2 milhões no valor justo de seus ativos biológicos (a cana-de-açúcar no campo)
. Essa é uma reavaliação contábil não-caixa, influenciada pela queda nos preços futuros do açúcar no período . Aumento no Custo dos Produtos Vendidos (CPV): O CPV cresceu 36,5% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior
. Esse aumento é explicado pelo início da produção de açúcar VHP na unidade Santa Vitória (que tem custos iniciais), custos maiores na produção de etanol na mesma unidade e menor diluição de custos fixos devido a um ritmo de moagem mais lento . Condições Climáticas Adversas: O início da safra 2025/26 foi marcado por um clima desfavorável, com chuvas que reduziram o ritmo da colheita e a concentração de açúcar na cana (ATR)
. Isso resultou em uma moagem 10% menor e uma produtividade agrícola (TCH) 8,4% inferior em comparação com o 1T25, impactando a produção e os custos .
Contraponto Importante
Apesar do prejuízo líquido contábil no 1T26, o EBITDA Ajustado — um indicador que reflete a geração de caixa operacional — cresceu 10,5%, atingindo R$ 269,6 milhões
Comparando com outras do setor
Das 5, Jalles Machado e Raízen estão atualmente no prejuízo, SLC e São Martinho seriam as de melhor qualidade, considerando o preço sobre o lucro, mercado tem pago mais nelas, e a 3 tentos ficou no meio, se destacando com indicadores de dívida e rentabilidade.
Talvez para o pequeno investidor, faça mais sentido ser sócio da São Martinho, que apesar das quedas recentes nos lucros, pelo menos ainda tem lucro e possui um histórico maior. A Jalles ainda é muito novinha na bolsa de valores e tem indicadores de endividamento levemente preocupantes.
Falando em dívida, a Raízen está com sérios problemas.
O crime organizado atuando no setor?
Aproveitando o assunto relacionado, na data de hoje saiu várias notícias no G1 falando que o crime organizado está atuando no agronegócio/combustíveis, 1, 2, 3... isso não é de hoje e não é exclusividade deste setor, o crime se infiltra por tudo nesse mundo afora.
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Logo na abertura do mercado, ações da Raízen dispararam, particularmente eu pensava que cairia, mas então veio o mercado e achou positiva a notícia, a hipótese seria que essa megaoperação vai trazer mais transparência para o setor.
Vamos aguardar mais notícias e acompanhar os fatos relevantes das empresas do setor pra tentar descobrir se tem alguma realmente envolvida com o crime.
Por hora vou seguir olhando de fora, não estou com caixa pra aportar em muitas empresas no momento, e das que já tenho em carteira tem algumas que estão muito baratas, vou seguir investindo nelas, mas sempre fico olhando algumas quando vejo muita recomendação de compra por parte de analistas eu adiciono elas na lista de estudo.
Até o futuro!
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